Ser gente grande

Quando a gente é criança, não vê a hora de ficar logo adulto. Queremos crescer, ser dono do nosso próprio nariz, assumir responsabilidades e poder fazer o que que bem entender. Este parece ser o nosso maior sonho: ser livre! Mas quando finalmente crescemos, nos damos conta de que a aventura de ser gente grande não é bem uma aventura. 

Este ano farei 18. Os tão sonhados dezoito anos! Quando eu era mais nova, as pessoas sempre me diziam: "Ei, depois que você completar 15 anos, o tempo passará voando!". Eu achava isso uma bobagem, até completar 15 anos e poder comprovar na própria pele que, de fato, o tempo passou correndo-voando-na velocidade da luz. Agora estou à beira dos meus dezoito anos e fico me questionando em que momento apertaram o botão "avançar 3x" do controle remoto da minha vida sem me pedir autorização nenhuma. Não estou chateada com isso, até porque acredito que eu tenha aproveitado muito bem a minha vida até o momento. Mas o que me assusta é o que vem pela frente...

Dizem que os dezoito é um divisor de águas. Será mesmo? E se for, será que vou saber lidar com isso? Será que vou conseguir incorporar o papel de gente adulta e deixar de lado a menininha que mora em mim? As obrigações surgem, novos dilemas passam a ocupar espaço, a independência bate na porta anunciando que estou prestes a ser, oficialmente, responsável por mim (e por absolutamente tudo que eu fizer). Só de pensar, as borboletas já começam a sambar no meu estômago. 

Por outro lado, alguns dos meus amigos que já atingiram a maioridade afirmam que nada muda. Na verdade, a diferença é que você pode beber, dirigir e ser preso (não necessariamente nesta sucessão de fatos, ok? haha) No mais, tudo continua igual! É aí que surge a frustante ideia de que ser adulto não é a aventura empolgante que idealizamos quando pequenos. É só mais uma das tantas fases que a vida nos concede. 

E eu tenho o dever de passar por ela. Você tem o dever de passar por ela. O mundo inteiro tem o dever de passar por ela! O mínimo que podemos fazer é torná-la tão linda e inesquecível quanto as anteriores, ainda que a seriedade que há estampada na missão de ser gente grande queira nos impedir disso.